quarta-feira, 5 de outubro de 2011



Por vezes desejava que os meus olhos fossem como máquinas fotográficas, para poder registar e partilhar com os outros aquilo que vejo e me deslumbra.
Mas tenho a impressão que muitas das vezes o deslumbramento não resulta tanto da imagem real,
mas com o que ela despoleta no meu cérebro.
Dou por mim a emocionar-me com um simples campo de flores, pela maneira como os raios de sol atravessam as nuvens, com o voo rasante de uma ave sobre um espelho de água. Algumas vezes tenho a câmara fotográfica comigo e registo o momento, quando chego a casa e revejo a foto já não é igual, o sentimento permaneceu apenas naquele instante.
Talvez um dia, inventem algum aparelhometro que permita para além de captar a imagem, registar a emoção e espanto pela beleza das coisas simples da vida.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

RILKE

Tira-me a luz dos olhos - continuarei a ver-te
Tapa-me os ouvidos - continuarei a ouvir-te
E, mesmo sem pés, posso caminhar para ti
E, mesmo sem boca, posso chamar por ti.

Arranca-me os braços e tocar-te-ei
Com o meu coração como com uma mão...
Despedaça-me o coração - e o meu cérebro baterá
E, mesmo que faças do meu cérebro uma fogueira,
Continuarei a trazer-te no meu sangue.


Rainer Maria Rilke

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

OS AMIGOS QUE NOS DESTE

Gostei muito desta Oração, por isso aqui estou a partilhá-la convosco.

Obrigado, Senhor, pelos amigos que nos deste.
Os amigos que nos fazem sentir amados sem porquê.
Que têm o jeito especial de nos fazer sorrir.
Que sabem tudo de nós, perguntando pouco.
Que conhecem o segredo das pequenas coisas que nos deixam felizes.
Obrigado, Senhor, por essas e esses, sem os quais, caminhar pela vida não seria o mesmo.
Que nos aguentam quando o mundo parece um sítio incerto.
Que nos surpreendem, de propósito, porque acham mal tanta rotina.
Que nos nos dão a ver um outro lado das coisas, um lado fantástico, diga-se.
Obrigado pelos amigos incondicionais. Que discordam de nós permanecendo connosco.
Que esperam o tempo que for preciso.
Que perdoam antes das desculpas.
Essas e esses são os irmãos que escolhemos.
Os que colocas a nosso lado para nos devolverem a luz aérea da alegria.
Os que trazem, até nós, o imprevisível do teu coração, Senhor.

José Tolentino de Mendonça



terça-feira, 19 de julho de 2011

40 ANOS

Por vezes vivemos a vida à espera do nosso grande momento como se este fosse dar um sentido à nossa existência, como uma validação dos nossos sonhos, do que ambiciona-mos ou do que os outros esperam de nós.
No dia 6 de Julho fiz 40 anos, talvez para a maioria este número redondo traga algum desconforto, mas dei por mim a sentir uma serenidade que não me lembro de alguma vez ter experimentado. Pode não estar relacionado com a idade e até ser algo passageiro, mas pelo menos consegui descortinar qual foi o meu grande momento, foram simplesmente todos os dias da minha em que vivi com a minha família e os meus amigos, eles dão sentido à minha vida tornam todos os momentos únicos e preciosos.
Por isso aqui estou, pronta para pelo menos mais 40 anos.

terça-feira, 22 de março de 2011

PORQUE

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
e os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
e tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner


Porque ontem foi o dia mundial da poesia.

sábado, 12 de março de 2011

quinta-feira, 10 de março de 2011

"Nós só perdemos aquilo que não damos"

Esta é a frase que termina o último livro que li, era o fim mas deixou-me uma sensação de recomeço, de início de caminho.
Vivemos numa sociedade em que muitos vivem agarrados a bens materiais, a sentimentos, a pessoas, sem nos apercebermos o que realmente perdemos.
Perdemos o amor quando o guardamos no nosso coração,
Perdemos a alegria quando a escondemos por detrás de um véu,
Perdemos a amizade quando a deixamos de cultivar,
Perdemos o sentido da vida quando deixamos de nos dar aos outros,
Um sorriso
Um abraço
Uma palavra amiga
Um incentivo
Um carinho
Um beijo
não custam nada, são tão fáceis de dar, de partilhar.
Vou terminar como comecei, porque o fim muitas vezes é o princípio
"Nós só perdemos aquilo que não damos".

domingo, 27 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

The only real voyage of discovery
consists not in seeking new landscapes,
but in having new eyes.

Marcel Proust

Os nossos olhos são o que nos permite vêr as paisagens deste imenso mundo, desde as cores de outono nas copas das árvores, à chuva miudinha com as suas gotículas perfeitas no vidro das nossas janelas.
Descobrir e explorar um mundo de altas montanhas, quentes desertos, rios sinuosos,
e porque não olhar o que nos rodeia com" novos olhos" , a nossa rua, a cidade, e principalmente aqueles que se cruzam connosco todos os dias.
Somos nós carregados por vezes de preconceitos que ditamos o que é feio ou bonito, bom ou mau.
Desafio-vos a olhar pela vossa janela e a descobrir uma coisa bonita.