terça-feira, 30 de outubro de 2007

MISSA VESPERTINA

Soam os acordes de preparação para a missa vespertina, enquanto isso, observo as pessoas ao meu redor. Conheço a maior parte, cruzámo-nos por diversas vezes ao longo deste caminho que percorro.
Como sempre, lá está o meu professor da escola primária, que me ensinou a ler, mas que para além das letras, nunca mais esqueci o dia em que andei no seu carocha verde alface. Umas filas atrás, a cabeleireira que me penteou desde a idade em que me apareceram os primeiros cabelos dignos de tal, e que me mudava o penteado segundo as influências da última telenovela. De todos, o que mais gostei foi o da personagem Malvina, lembro-me de subir a minha rua como se fosse uma das actrizes da novela Gabriela. Pena foi que no dia seguinte já nada restava dessa obra prima.
Num grupinho estão as senhoras que eu esperava ansiosamente todos os fim de tarde, pois assim que as avistava era sinal que a minha mãe também estava a chegar da fábrica. Cobriam-me de beijinhos, e por mais que viva não vou esquecer o cheiro que traziam, o mesmo que a minha mãe, uma mistura de penicilina, gentamicina e outras inas, que talvez me tenham influenciado na minha escolha profissional.
A cerimónia acabou saímos todos para o adro da igreja, agora o que me emociona é que muitos deles ainda me olham como outrora, ou será que sou eu que ainda os vejo com aqueles olhos de menina?

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

SEM TÍTULO

Se viveste algum momento bom com alguém , não o guardes só para ti, partilha-o.
Não fiques com essa memória guardada dentro de ti.
O tempo passa e podes perder a oportunidade de mostrar o quanto foi importante para ti.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

O MEU BAÚ

Todos temos em casa gavetas, caixas que vamos atafulhando com os mais diversos objectos, resquícios do nosso andar por este mundo.
Mas sempre chega o dia em que inevitavelmente se impõe uma arrumação, geralmente ordenada por um dos progenitores.
Pois esse dia chegou e que remédio senão pôr mãos à obra e enfrentar a tarefa hercúlea que é separar o " trigo do joio".
No fim cheguei à conclusão que tenho muita dificuldade em me separar destas pequenas insignificâncias, talvez porque elas são a prova física de tantos bons momentos.
Daqui a 20 ou 30 anos vou novamente vasculhar o meu baú e ao encontrar estes pedacinhos da minha história vou poder dizer que vivi momentos inesquecíveis que eles existiram e que não são o resultado da minha imaginação.
Talvez esta seja uma da razões para gostar tanto de fotografia, além de que assim ocupo menos espaço!

sábado, 6 de outubro de 2007

503

Olho a cidade que desfila pela janela do autocarro e interrogo-me se não serei eu que estarei imóvel enquanto a cidade me observa-"Que ser tão estranho!"



Devido a um facto alheio á minha vontade fiquei sem o meu boguinhas durante uma semana, pelo que tive que recorrer aos transportes públicos mais especificamente ao autocarro, tenho que confessar que nos primeiros dias reclamei dos tempos de espera, dos encontrões, do cheiro e de tudo o que mais houvesse.

Mas reconheço que acabei por apreciar as minhas pequenas viagens, as descobertas não se fazem apenas quando se viaja para o outro lado do mundo, existem sempre pequenos tesouros por descobrir, basta mudar a forma como percorremos o caminho.