segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

ERA UMA VEZ...NA ESTAÇÃO

A voz metálica que saía do altifalante anunciava a chegada do comboio internacional , não precisava de olhar o relógio para saber que eram 17.38h.
Inclinou-se sobre o parapeito da janela mourisca sobranceira á gare,
para mais uma vez, se deleitar com a azáfama que decorria na estação.
Pensou, a vida é como uma plataforma, constantes partidas e chegadas,
local de encontros e desencontros, abraços, risos e lágrimas.
Uma viagem em direcção ao desconhecido(destino).

Em tempos, também ela tinha partido, olhou o mundo por outras janelas,
fez parte da estória de outras plataformas.
Das viagens, para além da oscilação reconfortante do comboio, recorda a paisagem em movimento, que enquadrada pelas janelas rectangulares,
surgia-lhe como fotogramas tirados de um filme.
Pequenas fracções de um mundo, por vezes muito complexo para se entender no seu todo.

Uma brisa despenteou-lhe os cabelos agora brancos,
levantou-se para fechar a janela, acariciou as portadas velhinhas.
Era bom partir, mas não há como regressar a casa.
O comboio retomava a sua marcha,
alguém na plataforma acenou um último adeus.
E as portadas da janela mourisca foram fechadas.

3 comentários:

TeKanelas disse...

Muito bom isabelinha, gostei muito, muito poético...

Guida disse...

Muito bom...melancólico, transparente, imaginável...sobretudo para quem, como nós, já tem tantas estações na nossa vida.

Eclipse com Amor disse...

Bonito texto...
Tens o dom da palavra sem dúvida...

Beijo
Lua