A voz metálica que saía do altifalante anunciava a chegada do comboio internacional , não precisava de olhar o relógio para saber que eram 17.38h.
Inclinou-se sobre o parapeito da janela mourisca sobranceira á gare,
para mais uma vez, se deleitar com a azáfama que decorria na estação.
Pensou, a vida é como uma plataforma, constantes partidas e chegadas,
local de encontros e desencontros, abraços, risos e lágrimas.
Uma viagem em direcção ao desconhecido(destino).
Em tempos, também ela tinha partido, olhou o mundo por outras janelas,
fez parte da estória de outras plataformas.
Das viagens, para além da oscilação reconfortante do comboio, recorda a paisagem em movimento, que enquadrada pelas janelas rectangulares,
surgia-lhe como fotogramas tirados de um filme.
Pequenas fracções de um mundo, por vezes muito complexo para se entender no seu todo.
Uma brisa despenteou-lhe os cabelos agora brancos,
levantou-se para fechar a janela, acariciou as portadas velhinhas.
Era bom partir, mas não há como regressar a casa.
O comboio retomava a sua marcha,
alguém na plataforma acenou um último adeus.
E as portadas da janela mourisca foram fechadas.
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3 comentários:
Muito bom isabelinha, gostei muito, muito poético...
Muito bom...melancólico, transparente, imaginável...sobretudo para quem, como nós, já tem tantas estações na nossa vida.
Bonito texto...
Tens o dom da palavra sem dúvida...
Beijo
Lua
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