terça-feira, 30 de outubro de 2007

MISSA VESPERTINA

Soam os acordes de preparação para a missa vespertina, enquanto isso, observo as pessoas ao meu redor. Conheço a maior parte, cruzámo-nos por diversas vezes ao longo deste caminho que percorro.
Como sempre, lá está o meu professor da escola primária, que me ensinou a ler, mas que para além das letras, nunca mais esqueci o dia em que andei no seu carocha verde alface. Umas filas atrás, a cabeleireira que me penteou desde a idade em que me apareceram os primeiros cabelos dignos de tal, e que me mudava o penteado segundo as influências da última telenovela. De todos, o que mais gostei foi o da personagem Malvina, lembro-me de subir a minha rua como se fosse uma das actrizes da novela Gabriela. Pena foi que no dia seguinte já nada restava dessa obra prima.
Num grupinho estão as senhoras que eu esperava ansiosamente todos os fim de tarde, pois assim que as avistava era sinal que a minha mãe também estava a chegar da fábrica. Cobriam-me de beijinhos, e por mais que viva não vou esquecer o cheiro que traziam, o mesmo que a minha mãe, uma mistura de penicilina, gentamicina e outras inas, que talvez me tenham influenciado na minha escolha profissional.
A cerimónia acabou saímos todos para o adro da igreja, agora o que me emociona é que muitos deles ainda me olham como outrora, ou será que sou eu que ainda os vejo com aqueles olhos de menina?

1 comentário:

Miguel Folgado disse...

Minha cara irmã Balthusiana,
seja lá o q isso quer dizer????Li isto num livro e parece-me bem.:)
Esta sua prosa é uma verdadeira máquina do tempo, em que me sinto que nem Michael j. Fox, só que sem carro.Mas a viagem mantém-se num verdadeiro regresso ao passado...obrigado. e como diria a avô - aí raparigas!